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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Preparando-se para um Recital


A preparação de um repertório para recital tem uma dinâmica diferente para o pianista em comparação ao instrumentista solista. Muitas vezes (para não dizer na maioria das vezes, ou todas as vezes) o instrumentista solista já vem com a leitura feita e com a música totalmente definida em aspectos interpretativos, de concepção da obra, estética e sonoridade. Enquanto isso, o pianista correpetidor tem que ler redução de orquestramal feita em muitos casos, estudar em paralelo o repertório do próprio instrumento e conciliar com várias atividades profissionais.
Existem duas formas de você estudar o repertório pra música de câmara. A primeira, é da forma tradicional e corriqueira que resulta em algo sonoro, mas você não se envolve realmente com o que a música tem para oferecer. O pianista e o solista pegam as partes, estudam, ouvem gravações, se adaptam, colocam em tempo, marcam alguns ensaios e vão para o recital. Interessante notar que os suíços fazem qualquer tipo de projeto com dois anos de antecedência vendo e revendo toda e qualquer possibilidade de erro e falha. Se aplicássemos isso ao estudo musical no Brasil, acho que os chineses e japoneses ficariam para trás.
A outra forma seria um acompanhamento conjunto da leitura até a concepção sonora da peça. Este leva tempo, paciência e disposição em fazer algo tão minucioso. Embora muito trabalhoso, o estudo conjunto envolvendo a leitura em diferentes tempos de andamento, as repetições dos períodos umas duas ou três vezes, o entendimento da concepção da peça e sua estética, traz um resultado muito mais prazeroso e produtivo para os dois lados. Tanto o solista quanto o pianista aprendem muito e desse trabalho surge música e não a preocupação em só acertar as notas.
Infelizmente trabalhamos muito baseados no imediatismo, onde tudo deve ser feito e preparado para amanhã. Caso contrário, não haverá horário, não haverá patrocínio, não terá público. Isto é, com certeza, uma castração do espírito do músico, que tem sua liberdade de se inspirar, entender, criar e transmitir decapitada por aspectos fúteis em relação a beleza e grandiosidade de se fazer música.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os 3 Sentidos da Execução Instrumental

Tocar não é apenas colocar os dedos no instrumento e “tirar um som”. Existem muitos aspectos que são desprezados e que com o tempo começam a fazer falta no conteúdo técnico do instrumentista. Embora muitas vezes fiquemos limitados por regras do processo do estudo, esse caminho mais longo pode trazer maiores benefícios há longo prazo. Um desses aspectos é: como é realizado o processo de execução instrumental?

Tomar um instrumento, se posicionar, fazer a leitura, emitir o som. Aparentemente é um processo simples, mas você já parou pra pensar quais dos cinco sentidos humanos estão sendo utilizados nesse momento?

(pense um pouco...)

Se você disse três, você acertou! Isso mesmo três dos cinco sentidos (embora existam pessoas sinestésicas¹). Pense agora em uma das diversas áreas profissionais onde três dos cinco sentidos (podendo chegara utilizar os cinco por reflexo) podem estar sendo estimulados ou utilizados simultaneamente em apenas uma realização???

A visão faz a decodificação do código (partitura, cifragem ou tablatura) que é um dos aspectos necessários para o processo de execução instrumental. Digo necessário e não essencial porque hoje temos a escola de braile que tem tido resultados significativos. Todo o processo de “como deve ser este som” (construção da imagem do som final) é idealizado agora, pois todos os elementos inerentes a andamento, altura, dinâmica e expressividade estão sendo identificados neste momento. Mas você pode se perguntar: como isso acontece quando tocamos de memória? Pesquisas já comprovaram que quando tentamos identificar determinado objeto ou localização com as mãos, a parte do cérebro responsável pela visão é ativada. Então, embora estejamos apenas seguindo o ouvido para achar os acordes, existem aspectos musicais preconcebidos em nossa mente que formam a primeira parte do processo.

A sensibilização do contato das mãos no instrumento faz com que o tato seja o mapeador de deslocamento no instrumento, um verdadeiro GPS. Por isso a importância dos exercícios técnicos e de velocidade, pois tudo que será tocado nas músicas estará ligado a sua “intimidade” com a geografia do instrumento. Um bom posicionamento do corpo permitindo o movimento correto das alavancas do braço permitirá uma técnica mais refinada, assim, um deslocamento mais natural e uma execução mais segura e confiante. Aqui também é processada a qualidade com que o som deverá ser produzido. Após a leitura pela visão o cérebro recebe a informação e interpreta enviando para os dedos indicando a forma de ataque para que se tenha um determinado resultado sonoro.

A conferência de todo o processo ocorre pela audição, que, conforme o decorrer da música envia referências para o cérebro, que por sua vez busca a compatibilidade com as informações estabelecidas pela leitura. Isso mostra a importância do estudo e dos ensaios. A formação mental da música se dará pela repetição e a aferição contínua do que está escrito e como deve soar. Muito me admira que alguns músicos sejam tão descuidados com a audição bombardeando o ouvido com níveis altíssimos de volume, provocando com tempo a perca de freqüências auditivas, levando o músico a perder o aparelho de referência.

É certo que a falha ou a utilização parcial de um dos três sentidos prejudicará a forma como se toca, estuda e memoriza a música. Vale lembrar que a memória musical é baseada na combinação desses três aspectos. Quando combinamos de diferentes formas em pares esses três aspectos, temos a forma de leitura e memorização de cada um, exemplo: visão e tato (pessoas que lêem sem olhar constante mente para as mãos), visão e ouvido (pessoas que lêem e o ouvido é o guia), ouvido e tato (pessoas que tocam muito bem de ouvido).

1 Sinestesia -  Sensação, em uma parte do corpo, produzida pelo estímulo em outra parte; relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente (p. ex., um perfume que evoca uma cor, um som que evoca uma imagem, etc.).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tocando na Igreja


Tocar na igreja é uma das formas mais práticas de exercitar a leitura à primeira vista, o improviso, a transposição e tantos outros aspectos da execuçãomusical em tempo real. Isso porque normalmente o pianista de igreja recebe a música na semana ou no dia de apresentação. Muitas vezes alguns solistas entregam a música na hora da cerimônia ou o dirigente da programação pede de última hora uma música para um determinado momento. São situações que trazem uma formação empírica fazendo com que o pianista se sinta confortável em atuar na área de correpetição.

improviso é a principal arma do pianista ou tecladista de igreja. Sejam nos hinos, cânticos, corinhos, hinos. Não importa o que ele esteja tocando, a liberdade de criação é o grande condutor. Olhando um instrumentista já com certa maturidade tocando músicas à primeira vista com um bom nível de qualidade, vale lembrar que não é da noite pro dia que se adquire tal repertório de possibilidades para o improviso. É preciso ouvir exemplos, experimentar combinações e copiar diversos estilos para criar diversas soluções possíveis para diferentes situações, treinar, estudar, ouvir e ver outros instrumentistas.

É inegável que o músico que vem de igreja tem uma certa facilidade quando se trata de prática de conjunto e correpetição, afinal tudo o que ele faz na igreja é baseado na integração de um conjunto. A visão de conjunto e a capacidade de se poder ouvir de dentro do conjunto como se estivesse sendo ouvido de fora é uma prática constante. Atuando junto com solista, instrumentos, bandas, de forma solo e como música ambiente, toda a referência de controle sonoro, afinação e inteligibilidade esta em constante formação. É uma pena registrar que com o declínio do zelo com a qualidade da música dentro da igreja os músicos tem se voltado para o simples copiar e quando nos limitamos a copiar a sensibilidade artística é deixada de lado.

Normalmente o repertório da igreja não tem níveis crescentes de desafio. Com exceção do repertório que possa vir do coral ou de algum outro conjunto vocal mais elaborado, todas as outras músicas têm uma leitura de fácil assimilação. As músicas de hinários são bons exercícios de leitura e estudo harmônico, a constante necessidade de momentos instrumentais e a correpetição coral fazem com que os três aspectos de leitura e memorização (visão, audição e tato) amadureçam. Nessa prática, a leitura à primeira vista se desenvolve de forma natural, precisando apenas de alguns cuidados quanto a dedilhado, postura e qualidade sonora.

Aprender se torna muito mais fácil quando incluímos em um contexto cotidiano a nova informação, por exemplo: prática de leitura à primeira vista utilizando hinário, criação de improviso para um cântico determinado, estudo de dinâmicas no ensaio do conjunto de louvor, escrita (mesmo que parcial) de passagens de: solos, introduções, passagens e assim por diante. São diferentes aspectos técnicos da música que podem estar sendo aperfeiçoados e assim criando um hábito de constante evolução da prática musical na igreja.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O que é Correpetidor???


O termo correpetidor vem da palavra francesa coach oriunda do termo co-repetiteur.  Repetiteur no francês significa "ensaio", daí o significado de coparticipante do ensaio ou correpetidor. Originalmente o correpetidor tem sua origem ligada ao acompanhamento da música essencialmente vocal, tanto solista como coral. Essas diferentes atuações só foram possíveis graças ao avanço e desenvolvimento dos instrumentos, da escrita musical e das diferentes formas musicais criadas.

O acompanhante sempre esteve presente no decorrer da história da música. Inicialmente apenas auxiliando no dobramento das notas da voz solista ou coral e com o avanço da tecnologia instrumental e o surgimento do piano as possibilidades de extensão, variação de intensidade e quantidade de som tornou o piano o instrumento ideal para o acompanhamento de todo e qualquer grupo vocal, instrumental e teatral. Outro aspecto que incluiu definitivamente a função e a participação do correpetidor foi o aperfeiçoamento da escrita musical, dando a possibilidade da criação de partes específicas para o piano dentro de suas possibilidades técnicas e/ou criando as reduções de orquestra.

Toda essa gama de possibilidades adquiridas abriu um leque de atuação para o pianista dos dias de hoje. Adler, Pichi, Mundi e Benjamim entram em consenso sobretrês possíveis classificações desse profissional: pianista de grupos de câmara, acompanhador e coach, sendo:

o pianista de grupos de câmara - são aqueles músicos que  se dedicam ao repertório camerístico, excluindo qualquer possibilidade de execução de obras como reduções orquestrais;

o acompanhador - é aquele que está envolvido em diversas áreas da música, isto é,  aquele que acompanha corais, grupos de dança (ballet), instrumentistas e cantores. Seu repertório é variado, abrangendo reduções orquestrais ou corais, músicas escritas para piano e canto ou instrumento e músicas cifradas;

o coach - se relaciona mais ao canto lírico onde o pianista atua com grupos de ópera e cantores diversos, contribuindo no ensaio dos papéis dos personagens bem como no repertório dos mesmos. O correpetidor também é um profissional que possui conhecimentos em técnica vocal, dicção lírica e fonética e conhecimento de diversos idiomas estrangeiros além de trabalhar com o repertório vocal.

Já Pajares acredita que o melhor termo seria chamar de: pianista. "Pois resume e envolve todas as complexidades desta questão, uma vez que ainda não foi encontrada outra terminologia que expresse as reais habilidades deste profissional."

Independente do termo ou classificação dada ao pianista é certo que a atuação deste profissional nas diversas áreas onde a música, assim por dizer o acompanhamento, se torna parte integrante e essencial; o correpetidor adquire determinadas habilidades empíricas ao meio onde ele atua com maior periodicidade. Tais como: leitura àprimeira vista; conhecimento de técnica vocal; analise estrutural, harmônica e históricafonética de diferentes idiomas, entre outros.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Leitura à Primeira Vista


"Se você cortar a ponta do dedo vai sair sangue ou cérebro?" 

Foi a frase que mais me marcou na primeira vez que assisti uma aula com o já falecido Prof. José Alberto Kaplan. Não há nenhum movimento, consciente ou inconsciente, onde o cérebro não seja responsável, assim, como também, não há nenhum membro que responda por si só sem a estimulação do cérebro. Essa interligação neuromuscular é o eixo que possibilita que o homem realize atividades incríveis que desafiam a mente e o corpo. A leitura à primeira vista nada mais é do que o envio de sinais do cérebro para os músculos a partir da interpretação dos sinais captados pela leitura dos olhos na partitura. Todo esse processo leva milésimo de segundos e a necessidade de uma gama de conhecimentos prévios, tanto técnico como teórico, torna-se vital para que essa ação seja rápida e precisa.

A leitura à primeira vista é uma ferramenta extremamente útil e necessária para instrumentistas que atuam na música de câmara principalmente. Ainda mais quando nos referimos ao pianista correpetidor que participa de diversos ensaios, aulas e apresentações, em um curto prazo de tempo, com cantores, corais, instrumentos, dançarinos, entre outros. Mas para adquirir tal ferramenta é preciso uma coluna de conhecimentos que irão proporcionar e possibilitar esta realização. Entre eles eu destacaria: escrita musical (ligaduras, sinais de arco, dedilhado, duração, compasso, métrica, acentos, dinâmica, expressão), percepção musical (unidade de tempo e suas subdivisões, tempo, andamento e solfejos) e técnica (posição do braço, mão, dedos, tipos de ataques, postura, relaxamento, fisiologia em geral). Esse conhecimento agregado há um trabalho de treinamento do sistema nervoso a partir do estudo do reconhecimento e controle do corpo, isto é, o treinamento para movimentos psicomotores, é o fundamento para a realização de uma boa leitura a primeira vista.

conhecimento teórico se torna um fator vital, pois tudo começa na decodificação da linguagem musical. Se você não for capaz de interpretar tais sinais em tempo hábil esse será o maior dos empecilhos para a leitura à primeira vista. Decorar os diferentes sinais musicais e seus significados, diferentes aplicações em diferentes instrumentos e criar uma rotina de estudo prático de leitura dos símbolos (aqui pode-se aproveitar a percepção musical utilizando o solfejo falado) até que o cérebro processe sem maiores problemas o significado de cada item que compõe a partitura.

percepção musical é a matéria que mais reprova nos cursos de nível técnicos e superior de música. Tudo porque em sua maioria os músicos não participaram de classes de musicalização. O senso rítmico, manutenção do tempo, subdivisão do tempo, controle motor, acentos, solfejo de alturas se tornam “bicho de sete cabeças. Para complicar um pouco mais, o desconhecimento (ou conhecimento capenga) do fator teórico só vem acumular dificuldades criando uma bola de neve de limitações. A leitura rítmica e a identificação do desenho melódico ou harmônico é um elemento determinante para a rápida assimilação da obra.

Todos nós temos um time diferente de assimilação musical e precisamos respeitar isso. Isso se deve aos fatores técnicos envolvidos na peça ou no que você já adquiriu até o dia de hoje. Não se pode prever o que um compositor irá escrever, mas se pode prever o que o seu instrumento oferece tecnicamente e sonoramente. Por exemplo: o piano pode ser usado como instrumento percutido, melódico e harmônico. Cabe ao pianista pesquisar exercícios que lhe desenvolva os diferentes aspectos técnicos do piano. Escalas, arpejos, polirritmia entre dedos e entre mãos, acompanhamento e melodia nas duas mãos, execução de diferentes intervalos, dinâmicas, posição dos acordes em diferentes tessituras e entre outros. O mapeamento do seu instrumento e as possibilidades técnicas devem ser colocados no cérebro como ferramentas em uma oficina, sempre prontas e acessíveis para o uso.

Por último, e que deve ser realizado antes dos três fatores acima, vem o trabalho de controle motor para a execução eficiente. Ter o conhecimento de seu corpo, suas proporções e limitações, é importante. Você deve sentir as diferentes posições das alavancas (pulso, cotovelo, ombro) para otimizar os movimentos e estimular os 3 aspectos primordiais da execução instrumental: olho (identificação), toque (posicionamento e deslocamento) e ouvido (tessitura e afinação). Isso determinará que tipo de repertório (junto ao conhecimento teórico, perceptivo e técnico) você esta apto hoje a executar. Descobrir o quanto de energia é necessário para abaixar uma tecla ou percutir uma corda, deslizar o arco ou atacar uma membrana. Qual a alavanca deve ser acionada para diferentes ações, o quanto é preciso contrair e relaxar dos músculos para tal ação. Toque sempre economizando.

O domínio, mesmo que em pequeno grau, da leitura à primeira vista não surgirá se não houver uma rotina de estudo dos elementos citados acima e de outros que possivelmente surgirão de dificuldades no decorrer do caminho. A experiência em sua área de atuação também auxiliará a rápida assimilação dos diferentes fatores que contribuirão para uma boa leitura à primeira vista. Embora o amadurecimento musical venha do constante contato e vivência musical, um estudo sistemático de elementos técnicos e teóricos é muito bem vindo.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ligando no P.A.

Um dos grandes problemas para a música de câmara e mais diretamente ao pianista é a sonorização dos instrumentos. Infelizmente não são todas as empresas de sonorização que possuem pessoas que entendam de música erudita. O que é muito ruim porque para música popular todo grande volume de subgrave e o tweeter gritando as agressões no crash, splash ou hihat agrada a massa, o que não ocorre na música erudita que necessitade de qualidade e fidelidade no timbre de cada instrumento.

Já tive a oportunidade de tocar em pianos digitais e até utilizar teclado pra fazer música erudita (meu apontamente se dá devido a extensão do repertório erudito contra a limitação de um teclado de 5 oitavas) e os problemas começam na conexão e vão até a boa vontade do técnico equalizar e equilibrar a quantidade de som com os outros instrumentos. Normalmente o pianista fica na constante luta do botão de volume, porque embora estejamos muitas vezes na linha ou atrás da linha das caixas de som a percepção de equilíbrio sonoro é igual quando estamos correpetindo em um piano de cauda. O pianista atento consegue perceber quando esta tocando com volume acima ou abaixo do instrumento solista.

Existem dois tipo de conexões que ligam o instrumento à mesa de som. A primeira é a conexão desbalanceada onde utiliza um cabo de duas vias (positivo e negativo, esses termos são emprestados da área de elétrica) o que por natureza é muito propício a ruídos, ainda mais se estivermos em um local onde há um trânsito razoável de sinais rádio e TV. Este cabo é recomendado para quando os equipamentos estão próximos onde os cabos vão até no máximo 5 a 8 metros. A segunda conexão é a balanceada onde se utiliza um cabo de três vias (positivo, negativo e terra) onde é enviado o sinal, o sinal invertido e o aterramento, diferente do primeiro que possui apenas sinal e aterramento (este serve para possíveis vazamentos de descarga elétrica). Esta conexão tem garantia de inibição de ruídos e os cabos podem ser do tamanho que for preciso e pode ser conectados uns aos outros por meio de conectores sem prejudicar o sinal final.

Para que tenhamos essa conexão balanceada, que inclusive, é a melhor devido ao casamento de impedâncias o que melhora em muito para o técnico de som o controle e qualidade do som, temos que trabalhar com um acessório chamado Direct Box. Ele converte o sinal desbalanceado em balanceado...mas pra!? O sinal que sai dos instrumentos são conhecidos como LINE ou linha por terem um sinal de impedância e voltagem diferente em relação a entrada MIC da mesa de som. O Direct Box vem para nivelar e criar o segundo sinal do sistema balanceado (sinal invertido) assim é um benefício até para a estrutura de ganho.

Infelizmente ainda não olhamos para o mercado de sonorização da música erudita como promissor ou essencial. Mas em outros países isso é um ramo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Veja os vídeos de grandes orquestras, pianista e solista diversos; a qualidade de captação e a própria estética dos equipamentos fazem parte do contexto musical.

O instrumento faz o instrumentista

Lembro-me quando cheguei para uma aula na universidade e a professora me disse: "Não estude em qualquer instrumento de qualquer maneira isso pode de alguma forma te prejudicar na forma como você esta formando sua técnica". Demorei muito tempo pra entender isso porque meu piano em casa era bem surrado e tinha vários problemas mecânicos e eu vivia em uma constante luta para fazer música com ele.

Não quero dizer com isso que você será um ótimo instrumentista se tiver um instrumento excelente, mas você poderá adiantar em muito o processo de amadurecimento e sensibilização dos sentidos técnicos, como: condução de vozes, cantar a melodia principal, afinação, menor esforço físico, menor risco de problemas mecânicos (LER ou DOR). Tudo isso lhe poupará de traumas mecânicos que podem ser no futuro um motivo de estagnação ou desistência.

O Clavecembalo Col Piano Forte ou Piano (como é conhecido nos dias de hoje) é formado de uma série de peças onde podemos destacar: tecla, martelo, abafador e ligüeta móvel. Uma falha ou limitação em qualquer uma dessas peças pode criar uma dificuldade na execução assim podendo prejudicar a formação técnica, isso porque o controle de contração e relaxamento dos dedos esta ligado a quantidade de força imprimida na tecla e o desequilíbrio das diferentes teclas pode inclusive prejudicar mecanicamente.

Assim como em um violão ou violino onde as cordas estão muito afastadas do braço se exige maior esforço e pode prejudicar a qualidade sonora, no piano uma tecla que esteja alta faz com que se gasta mais energia e prejudique o deslocamento, essa medida deve ficar entre 6 e 8 milímetros. Se tenho que pressionar mais fundo a tecla, menor é a velocidade que posso imprimir na música e com isso maior o esforço para se manter uma determinada dinâmica ou andamento.

O martelo é uma peça paradoxal porque embora aguente os grande impactos vindo das teclas e ele não suporta que fiquem esfregando com a mão ou qualquer objeto. Ele é formado pelo corpo que não passa de 8mm de diâmetro e da cabeça que tem duas partes: a madeira e o feltro. Este feltro é quem proporciona uma qualidade sonora macia, independente do ataque ser mais agressivo ou ameno. Quando ele fica ressecado ou gasto a qualidade do som é prejudicada imediatamente e o impacto retorna dado pelo dedo não é absorvido por ele e sim reenviado para o dedo dando a sensação de desconforto ao tocar.

O abafador e a lingüeta móvel estão ligados a aspectos sonoro do piano. Eles não prejudicam na técnica do instrumentista apenas na qualidade sonora. A abafador é um pequeno retângulo que pressiona as cordas com o feltro que é colado em sua frente, por trás o sistema de alavanca faz seu movimento. Quando a tecla é pressionada ele se afasta possibilitando a vibração da corda e retorna quando a tecla é solta. A lingüeta móvel faz com que o martelo retorne a sua posição inicial logo depois de percutir a corda, fazendo com que a corda fique livre e o martelo pronto para o próximo ataque.

O mercado uma diversidade de pianos digitais e acústicos e experimentar o instrumento observando seu funcionamento e a resposta que seu corpo tem a ele é a melhor forma de escolher um instrumento. Se você já tem um piano nada melhor que fazer umas economias e dar uma geral na máquina dele.